Nota CEMEC 01/2023

Nota CEMEC 01/2023 - Riscos de uma crise de crédito e a situação financeira das empresas abertas.
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Sumario

 

O aumento dos índices de inadimplência das empresas, num quadro de queda das taxas de crescimento e provável permanência de altos custos de financiamento nos próximos trimestres,  tem levado a preocupações sobre os riscos de uma crise de crédito especialmente depois do  pedido de recuperação judicial de uma empresa do porte da Lojas Americanas. O objetivo desta  Nota é analisar a evolução recente dos principais indicadores da inadimplência, disponibilidade de  recursos e custos do financiamento das empresas e da situação financeira das empresas abertas,  para formular algumas hipóteses sobre riscos da ocorrência de uma crise de crédito nos próximos  meses, num cenário de desaceleração de crescimento e manutenção de elevados custos financeiros.

A análise da evolução macroeconômica dos últimos anos gerou alguns movimentos que podem criar condições para o aumento da probabilidade de ocorrência de uma crise de crédito. A adoção de medidas emergenciais de política fiscal e monetária para mitigar os efeitos recessivos da pandemia levaram a uma rápida recuperação do nível de atividades com o relaxamento das medidas de afastamento social e as baixas taxas de juros favoreceram o aumento de alavancagem e do endividamento das empresas e dos consumidores. Aceleração da inflação como resultado do comprometimento das cadeias de oferta e depois com a guerra da Ucrânia, levou à acelerada elevação das taxas de juros, queda de renda real, redução da demanda e do crescimento combinado com o forte aumento das despesas financeiras. Nas projeções do mercado, que inclui a redução do crescimento e manutenção de elevadas taxas de juros, pode afetar a confiança de bancos e investidores do mercado de capitais na capacidade de as empresas atenderem aos serviços de dívida, e criar as condições de uma crise de crédito que se materializa com a dificuldade das empresas rolarem ou refinanciarem suas dívidas.

Para avaliar a evolução desses riscos, foram usados os dados disponíveis até janeiro de 2023, para analisar a evolução do endividamento das empresas, os índices de inadimplência e as condições da oferta de recursos de crédito bancário e do mercado de capitais. A análise da situação financeira e sua tendência do conjunto da amostra de 470 empresas abertas, mostra que se parte de uma situação financeira favorável em 3T2022, mas que devem manter tendência negativa nos próximos trimestres, com redução de margem bruta e de geração de caixa e altas despesas financeiras. As empresas do comercio varejista apresentam forte crescimento da dívida líquida, mas apesar da sua queda, apresentam índice de cobertura de despesas financeiras da ordem de 1,8, indicadores essa muito superiores aos observados na crise de 2016.

Com os dados disponíveis até janeiro de 2023, não há indicações da ocorrência de uma crise de crédito, mas a tendência de queda do crescimento do PIB e permanência altas taxas de juros podem agravar o quadro daí por diante. Parece ser improvável crise de crédito bancário. Embora muito, muito cedo para conclusões, o mercado de dívida privada é um ponto de atenção, com aumento de spreads com sinais de dificuldades de colocação de novas emissões no mercado.

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