Relatório 01 - Projeções do Custo do Financiamento das Empresas

PROJEÇÃO DO CUSTO DE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS – OTIMIZAÇÃO DAS FONTES DE RECURSOS DE FINANCIAMENTO


Preços de commodities Nos últimos anos a evolução dos preços das commodities constitui um dos principais fatores para a formulação de cenários de inflação em todo o mundo.
O aumento de seus preços, inicialmente acelerado com a desorganização das cadeias de oferta com que se defrontava o aumento de demanda face à recuperação pós pandemia, foi impulsionado pelo choque gerado com a guerra da Ucrânia.

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CENÁRIO INTERNACIONAL: MAIS INFLAÇÃO, MENOS CRESCIMENTO

  1. Inflação e taxas de juros

a. Preços de commodities

Nos últimos anos a evolução dos preços das commodities constitui um dos principais fatores para a formulação de cenários de inflação em todo o mundo. O aumento de seus preços, inicialmente acelerado com a desorganização das cadeias de oferta com que se defrontava o aumento de demanda face à recuperação pós pandemia, foi impulsionado pelo choque gerado com a guerra da Ucrânia.

Não obstante o elevado grau de incerteza do cenário mundial, entidades internacionais¹ têm adotado projeções de queda de preços das principais commodities² em 2023 o que certamente será fator favorável à queda da inflação naquele ano. O cenário de referência do CEMEC Fipe incorpora a projeção de queda do CRB index de (-) 19,9% entre setembro de 2022 e agosto de 2023.

b. Inflação e política monetária dos EUA

Nos Estados Unidos a aceleração da inflação do CPI para 8,29% em agosto tem sido acompanhada de generalizada disseminação dos aumentos de preços como resultado do forte aquecimento do mercado de trabalho, com índices de desemprego que ainda se mantém em 3,5% em setembro.

Com algum atraso, o FED deu início ao ciclo de elevação, relativamente acelerada, da taxa básica de juros que atingiu o intervalo de 3,00% a 3,25% em setembro, e a mediana de projeções dos membros do FED para fim de 2022 é de 4,25% a 4,50% e para fim de 2023 de 4.50% a 4,75% e da taxa anual de inflação (PCE) de 5,4% no fim de 2022 e 2,9% ao fim de 2023. O FED também deu continuidade ao programa de redução de seu balanço visando restringir a liquidez.

No cenário de referência do CEMEC Fipe adota-se a hipótese de alguns grandes bancos³ de taxas de 4,5% a 5,0% a partir do início de 2023 e para os T bonds de 10 anos a média de 4,4% em 2023, de 4,00% no início do ano para 4,70% no fim do ano, alinhada com a projeção do citado relatório do FMI de 11 outubro de 2022.

c. Inflação e política monetária na zona do euro e outros países

O FMI projeta a taxa média de inflação do consumidor na zona do euro no ano de 2022 em 8,3%, caindo para 5,7% em 2023. O BCE, com algum atraso, aumentou em 0,75% as taxas básicas de juros e deu continuidade ao seu programa de redução do seu balanço patrimonial, visando redução da liquidez.

  1. Redução do crescimento

Além da redução da renda real com a aceleração da inflação e a elevação das taxas de juros reduzindo o crescimento das principais economias, a adoção dos lockdowns e a crise do setor habitacional tem reduzido consideravelmente o crescimento da China. Projeções do FMI mostram queda das taxas de crescimento da economia mundial, de 6,0% em 2021, para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023 sendo que a situação mais negativa ocorre na zona do euro, que enfrenta a restrição de oferta do gás da róssia, com projeção de apenas 0,5% de crescimento em 2023.

Efeitos do cenário internacional para a economia brasileira

A queda do crescimento econômico mundial reduz a demanda e deprime os preços das commodities exportadas pelo Brasil. O aumento mais acentuado das taxas de juros nos EUA reduz o diferencial com as taxas praticadas no Brasil e pode ter algum efeito sobre a taxa de câmbio e/ou retardar o início de redução da SELIC. A economia brasileira pode se beneficiar do movimento de realocação das fontes de suprimento das principais economias, com base em fatores geopolíticos e disponibilidade de fontes de energia renováveis.

CENÁRIO DOMÉSTICO: MENOS INFLAÇÃO E MAIS CRESCIMENTO

  1. Inflação

Após forte aceleração da inflação do IPCA, iniciada em fins de 2020 até atingir 12,1% no acumulado de 12 meses, as projeções de inflação para 2022 tiveram forte redução com a superação da crise hídrica e a redução das tarifas de eletricidade, seguida da queda dos preços das matérias-primas básicas e da redução da carga tributária principalmente sobre tarifas de energia, telecomunicações e combustíveis.

A provável queda do preço das commodities em 2023, os efeitos da política monetária restritiva, a expectativa de estabilidade da taxa de câmbio e a gestão fiscal responsável, com redução do risco país, devem favorecer a continuidade da queda da inflação acumulada em 12 meses, que é projetada na Pesquisa FOCUS em 5,80% para dezembro de 2022 e 5,00% para dezembro de 2023, projeções essas incorporadas ao cenário de referência do CEMEC Fipe.

  1. Política Monetária e Taxas de Juros

Com a aceleração da inflação, desde fins de 2020, o BCB iniciou, em março de 2021, um ciclo de elevação da taxa Selic, a partir da taxa de 2,00% a.a. então vigente até atingir 13,75% a.a. na reunião de agosto, mantida na reunião de setembro e com expectativa de iniciar a reversão a partir de junho de 2023.

A taxa real de juros pré-fixada de 360 dias ex- ante (deflacionada pela inflação futura projetada) atingiu quase 9,00% a.a., o que configura política altamente restritiva, elevando as taxas de juros de todas as fontes de financiamento das empresas. O cenário de referência do CEMEC Fipe adota a projeção das taxas Selic da Pesquisa Focus de 30/09/2022, com manutenção de 13,75% até maio de 2023, início de queda em junho, até atingir 11,25% em dezembro de 2023.

  1. Crescimento

A referida pesquisa FOCUS projeta crescimento do PIB em 2,7% para 2022 e 0,53% para 2023. Não obstante, o cenário de referência CEMEC Fipe adote a análise de outros cenários, como é o caso do IPEA, com (+) 1,6% e do Banco do Brasil com (+) 1,2% para 2023 o que é um crescimento bem mais elevado que os 0,53% da pesquisa FOCUS.

O exame de projeções do consumo das famílias, sustentado por aumento da massa de renda real, a esperada continuidade de crescimento da indústria de construção e a expectativa de aumento, da ordem de 15%, da safra de grãos, sinalizam crescimento mais elevado para 2023. O cenário de referência do CEMEC Fipe adota para 2022 2,7% e para 2023 uma projeção de crescimento de 1,2%.