O coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe), Carlos Antônio Rocca, aponta ainda que as companhias abertas do setor industrial registraram no último ano um avanço de margens e de receitas, considerando a maior capacidade de repasse do aumento de custos atrelado ao mercado internacional. Outro fator que beneficiou as receitas do segmento, de acordo com ele, foi o aumento mais lento do custo de mão de obra. Para este ano, a expectativa é que as companhias de capital aberto continuem a registrar um baixo índice de alavancagem, medido pela razão entre a dívida bruta e a geração de caixa. Em 2021, o múltiplo foi o menor desde 2010, refletindo o fortalecimento de caixa durante a pandemia e o piso histórico de 2% da taxa Selic no início do ano.
No caso das grandes companhias, quem já está percebendo o efeito negativo do cenário econômico é o acionista. Isso explica por que, no caso das Americanas, a oferta de debêntures tenha contado com forte demanda, enquanto as ações amargam quase 60% de queda no ano. Investidores que estão comprando a debênture consideram “apertado” o prêmio pago pelo papel levando em conta que se trata de uma empresa de comércio on-line, mas decidiram entrar na operação considerando as condições de alavancagem: em 2021, o Ebitda da companhia somou R$ 3,3 bilhões, enquanto a dívida líquida está em R$ 1,6 bilhões.